O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.

2010-09-27

Dia Mundial do Turismo

Imagem: "Indian Summer", Zoltán Balogh

Sob o lema "Turismo e Biodiversidade", a Organização Mundial do Turismo promoveu um concurso de fotografia, cujos resultados estão acessíveis em: http://www.unwto.org/worldtourismday/photocompetition/winners.php?lang=E.
Esta é a imagem vencedora e, também, a nossa selecção, para registarmos, hoje, o Dia Mundial do Turismo, em torno de um tema verdadeiramente pertinente: a necessidade de bem articular o Turismo com a Biodiversidade do Planeta.

2010-09-23

O Dia do Mar

Imagem: a nova ZEE portuguesa.

Hoje é Dia do Mar. Portugal, primeiro país do mundo com jurisdição para lá das 200 milhas náuticas, pode vir a ser uma grande potência mundial marítima. Importa registar a sequência evolutiva desta questão.
A 10 de Dezembro de 1982, em Montego Bay, Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), com o objectivo de criar um regime jurídico relativo ao mar. Esta Convenção introduziu ainda alterações aos critérios até então em vigor na delimitação e jurisdição sobre a plataforma continental de cada um dos Estados costeiros, consagrando a possibilidade da sua extensão para além das 200 milhas.
Ao abrigo desta Convenção, criou-se uma estrutura de missão denominada "Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental", com o objectivo de investigar e apresentar uma proposta de delimitação da plataforma continental de Portugal, para além dos limites actuais das 200 milhas náuticas.
Um dos objectivos daquela estrutura é o de "Conhecer as características geológicas e hidrográficas do fundo submarino ao largo de modo a poder vir a fundamentar a pretensão de Portugal em alargar os limites da sua plataforma continental para além das 200 milhas náuticas. Os projectos da Extensão da Plataforma Continental apresentam dados hidrográficos, geológicos e geofísicos, que revelam a quantidade extraordinária de recursos que se encontram imersos e que permitem reclamar a aquisição de novos territórios imersos.
No dia 11 de Maio de 2009, Portugal depositou na sede das Nações Unidas, a sua proposta de extensão da plataforma continental de mais de 2 milhões de metros quadrados, além das 200 milhas da Zona Económica Exclusiva (ZEE).
Na plataforma continental alargada os países apenas terão jurisdição sobre os recursos do solo e subsolo, como petróleo, gás, metais ou recursos biológicos e genéticos, ficando de fora a exploração de recursos na coluna de água.
A deliberação sobre a proposta portuguesa deverá ser conhecida no final de 2011.
Será que só assim podemos ser um país grande?
Mas o Dia do Mar também é o segundo livro de Sophia de Mello Breyner Andersen, publicado em 1947. O livro baseia-se no tempo recuperado da infância, na qual a autora recupera as vozes das coisas. Os conceitos do mar, da praia, da casa e do jardim servem a autora para a busca da perfeição, pureza e harmonia. O mar é aqui a fonte da purificação e lugar onde tudo adquire sentido.
Inspiremo-nos em Sophia, para fazer grande este país!

2010-09-19

Porto

Imagem: Ribeira do Porto, Jorge Mangorrinha

O Porto continua uma cidade deslumbrante, onde gosto de ir, sempre com destinos preconcebidos, designadamente na leitura e na gastronomia, e outros para (re)descobrir. Desta vez, nas deambulações por muitas partes da cidade, o pôr-do-sol foi na Ribeira, enquadrando dois barcos rabelos e duas pontes que ligam Porto e Gaia e uma terceira mais ao fundo. À noite, com amigos, percorremos as ruas cheias de gentio jovem, para o que muito tem contribuído a abertura de espaços de convívio em antigos armazéns e os efeitos de uma lenta mas importante regeneração urbana desta zona da cidade, sensivelmente entre a Cedofeita e a Ribeira. Para além disso, a rede de Metro é notável no seu desenho territorial, na arquitectura das estações e na imagem limpa das carruagens. E também a arquitectura contemporânea da cidade, residencial e outra, continua a marcar destaque no universo da nova arquitectura portuguesa.
Será que, depois de duas ou três décadas de menor protagonismo, o Porto (e também Gaia) vai recuperar o centro das atenções de todos nós e tornar-se de novo no centro de uma região economicamente regenerada?

Mondariz

Imagem: unidade de engarrafamento das águas de Mondariz e de Fuente del Val, Jorge Mangorrinha

Mondariz mantém o seu microcosmo urbano associado ao termalismo, para onde ainda vão muitos portugueses em busca da terapia e do espairecimento. Esta estância termal galega recebeu nas últimas décadas um forte investimento: na remodelação do balneário terapêutico para balneário/hotel, na edificação do Palácio da Água para banhos com água corrente no lugar onde existiu a antiga e notável oficina de engarrafamento e na reconstrução do inacabado Hotel-Sanatório para hotel e do antigo Grande Hotel para alojamentos privados depois do incêndio que este sofreu. Mantém-se a Fonte de Gándara, praticamente como de origem.
Em Mondariz, reencontrámos amigos e fizemos outros, ou não seja Mondariz, há muito tempo, "o único lugar onde se faz a verdadeira união ibérica".
A cerca de dois quilómetros deste complexo, existe a unidade de engarrafamento das águas de Mondariz e de Fuente del Val, por um caminho verdejante que é bom fazer pela manhã fresca, junto às margens do rio Tea, incluídas na Rede Natura. As garrafas de Mondariz circulam por toda a Espanha e, hoje como sempre, com um design apelativo, porque, além do mais, os olhos também bebem.

2010-09-06

Igreja de Nossa Senhora do Pópulo: a Igreja das Termas

Imagem: foto tirada do interior da torre sineira da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, Caldas da Rainha, Jorge Mangorrinha

Há 100 anos, a 23 de Junho de 1910, foi publicado no Diário do Governo o decreto de 16 desse mês que classificou a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, das Caldas da Rainha, como Monumento Nacional. É uma efeméride que, um século depois, merecia ter sido assinalada pelas autoridades e associações locais.
A Igreja do Pópulo, como comummente é designada, é o mais evidente vestígio do empreendimento aqui realizado a partir do final do século XV. Em 1495, obteve-se a autorização papal para sagrar uma capela junto ao hospital termal, para dois anos depois os doentes serem autorizados a frequentá-la, acedendo-lhe através de um corredor interno do hospital. Data de 1500 a conclusão das obras principais e de 1508 o término da torre.
Este edifício inscreve-se no ciclo pré-manuelino, salientando-se notavelmente a nave única coberta por abóbada de artesões, a capela-mor com abóbada de nervuras dela separada por arco triunfal policêntrico, os frontais de azulejos quinhentistas, os painéis azulejares seiscentistas, a pia baptismal, de planta octogonal, em forma de cálice e profusamente rendilhada, e o recorte das aberturas sineiras da torre.
A este propósito, direi que classificar património é relevar em cada território os elementos específicos, resultantes da história da sua ocupação humana através dos tempos, capazes de, devidamente investigados e interpretados, constituir um núcleo aglutinador de uma ideia de identidade local, sendo que em muitos casos essa dimensão histórico-cultural atinge importância nacional ou mesmo universal.
Existe indubitavelmente nas Caldas da Rainha um território patrimonial marcadamente identitário, que foi motor de desenvolvimento na História e é referência permanente de uma visão de futuro. Esse património gravita à volta do Conjunto Termal, constituído essencialmente - para além da Igreja - pelo Hospital, pela Mata e pelo Parque.
Mas - dizemos nós - compete aos agentes não obstaculizarem este tipo de processos. Caso contrário, não estão a participar na protecção do património cultural com o ordenamento do território e o desenvolvimento sustentável das comunidades, tendo em conta a recente evolução do direito do ordenamento do território, da urbanização e edificação e da reabilitação urbana.
É que nestes processos o Estado não é só o Ministério da Cultura. Também outros organismos ministeriais, como a Saúde, ou as autarquias têm o dever de, pelo menos, apoiar o justo reconhecimento do valor patrimonial de bens culturais, que é um factor de competitividade cada vez mais integrado na economia das nações e das cidades.

2010-09-05

Caldas da Felgueira - 200 Anos de Curas


Imagem: pormenor da platibanda do balneário termal oitocentista das Caldas da Felgueira, Jorge Mangorrinha

Perfazem este ano, precisamente, 200 anos sobre o início da exploração continuada das águas da Felgueira, neste caso pelo padre José Inácio de Oliveira. A "nascente quente e sulfúrica no limite do lugar de Vale de Madeiros” já era referenciada desde os quesitos de 1758. Era então utilizada por pastores e caçadores para a cura dos seus animais. A primeira utilização terapêutica registada é a da cura de uma doença de pele do padre José Lourenço, em finais do século XVIII. Este padre mandou construir uma casa junto do poço, já no início do século XIX, mas seria o padre Oliveira que tomaria, em 1810, a exploração continuada destas águas, mandando para tal construir melhores instalações e uma capela, esta já em 1818 e que se mantém.
Nesse mesmo ano de 1810, o médico Francisco Tavares refere-se a estas águas por intermédio de terceiros e acrescenta que “é de esperar que tenham todas as virtudes das águas sulfúreas e das salinas”.
O grande impulso seria dado, porém, a partir de 1882, ano em que foi constituída a Companhia das Águas Medicinais da Felgueira, seguida da criação da Companhia do Grande Hotel Club das Caldas da Felgueira, o que levou à edificação respectiva de um balneário pioneiro e de uma grande unidade hoteleira, inspirados nas melhores estâncias centro-europeias e dotando o centro do país com condições únicas de vilegiatura e lazer. O balneário foi projectado e construído entre 1883 e 1887, sob o traço de Rodrigo Berquó, com base na ideia de separar completamente as diversas classes de banhos, cada qual com entrada própria.
O empenho e a aventura dos primeiros accionistas e concessionários fizeram com que as Caldas da Felgueira passassem a ter um papel importante no termalismo nacional, durante o século XX, ressurgindo actualmente como um lugar de promoção da saúde e do bem-estar, para o que muito contribui, tanto as estruturas de origem, e sua remodelação, bem como os serviços prestados.
A passagem dos 200 anos sobre a exploração continuada destas águas terapêuticas é um marco importante para se aprofundar o conhecimento da história desta estância termal e preservar a memória dos homens e dos acontecimentos relevantes, bem como para registar os desafios que se pressentem para o futuro.
(Excerto das propostas para uma monografia das Caldas da Felgueira [Helena Gonçalves Pinto e Jorge Mangorrinha], a pedido do concessionário, cuja elaboração aguarda decisão administrativa)

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