O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.

2010-05-31

As Termas

Maio era, tradicionalmente, o mês de abertura das termas.
As famílias deslocavam-se, anualmente, numa repetição de práticas de lazer, sociabilidade e convivialidade, numa experiência singular, para a qual o espaço de representação social era parte integrante.
A arquitectura nas termas portuguesas sempre fez parte da expressão de um estilo de vida exclusivo, e este precisou de todo um território completo, para formar cenários idílicos, mas preenchidos das funções mais essenciais da vida quotidiana. Antes habitado sazonalmente, hoje aberto todo o ano, sempre ao ritmo terapêutico das águas. Estamos perante um sistema, onde se estabelecem relações de carácter funcional, estético, cultural e afectivo, contidas numa arquitectura desenhada para um fim específico.
Presentemente, transformados que estão os rituais de frequência das nossas termas, relacionados com novas preocupações com o corpo e a alma e com diferentes quotidianos de vida, inúmeros desafios se colocam ao desenvolvimento turístico destes territórios: novos investimentos, preservação da água e do património físico, aposta no adequado ordenamento territorial e num ambiente qualificado são aspectos que parecem colocar-se com acuidade ao Estado, aos empresários e às autarquias.
A nova arquitectura termal, no nosso país, tem diversificado as abordagens, sob uma programação que ganha novos contornos: a compatibilização da terapêutica com as actividades de bem-estar e de recuperação física e psíquica; o termoludismo e os grandes espaços de água colectivos; a organização do conjunto edificado, de forma a viabilizar o funcionamento anual, mas também a optimização da estrutura distributiva das diferentes zonas funcionais, que permite a sua reactivação ou fecho sazonal; a visão de conjunto e a actuação global à escala do microcosmo termal; e os valores ecológicos, como matriz da sustentabilidade de uma actividade milenar em território sensível.
A arquitectura é parte essencial da competitividade dos territórios turísticos, e as termas portuguesas começam a emergir como habitats de inovação, aprendizagem, criatividade, conhecimento e bem-estar. E, pela sua exemplaridade, podem vir a ser centros de competência e de referência para outros territórios turísticos.
(Texto partilhado entre Jorge Mangorrinha e Helena Gonçalves Pinto)

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