O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e o preserve em todas as formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. Este é um espaço de estas e de outras águas. De todas as águas.

2010-03-31

As Cidades e as Pessoas

Imagem: Fernando Alvim, "Uma cidade é dos melhores", in Metro, 31 de Março de 2010, p.8

Com este título sugestivo, Fernando Alvim (http://esperobemquenao.blogspot.com/) escreve hoje no jornal Metro sobre as pessoas que fazem ou não falta às cidades. Das cidades que "deixando que outros partam sem que a isso resistam. E tem de resistir como fazem as mulheres dos pescadores quando estes lhes dizem que vão para o mar em dias de tempo revoltoso. Uma cidade precisa dos seus melhores valores e por inerência da sua melhor massa crítica. Uma cidade sem talentos e sem massa crítica é uma cidade morta. (...) As melhores cidades não se deixam representar por imbecis só porque é o que têm. Uma cidade, uma grande cidade, nunca é abandonada pelos melhores."
(in http://www.readmetro.com/show/en/Lisbon/20100331/2/10/)
Como eu o compreendo!

Pauis na Graciosa

Imagem: Pauis na vila de Santa Cruz da Graciosa, Açores, 2008, Jorge Mangorrinha

Os pauis do Rossio de Santa Cruz são os elementos de maior presença no principal espaço público desta vila açoriana. Aquilo que é hoje um lago completamente artificial foi em tempos históricos uma reserva de água para pessoas e gado. Existiria nessa altura qualquer forma de ligação ao mar, porque as enguias eram ali muito abundantes. Viagem de boa memória com amigos: Manuel Freire, cantautor de muitas trovas e presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, e outros apaixonados por Agostinho da Silva (ver: http://ciclo-agostiniano.blogspot.com/), como Paulo Borges, professor universitário de Filosofia e defensor de muitas causas, como as do Tibete e da defesa dos animais; Helena Briosa e Mota, actualmente investigadora do processo de Agostinho da Silva na PIDE. Dos Açores, foi bom encontrar e conhecer: Eduarda e José Francisco (Faial), Magda e Mário (S. Miguel) e Maria das Mercês e sua família (Graciosa).

2010-03-30

Cidadania e o Bom Governo

Imagens: Ambrogio Lorenzetti (ou Ambruogio Laurati; c. 1290 - 9 de Junho de 1348) foi um pintor italiano da Escola Sienesa. Os frescos nas paredes do Salão dos Nove (Sala dei Nove) ou Salão da Paz (Sala della Pace), no Palácio Público de Siena, são obras-primas da pintura do começo do Renascimento. As paredes são pintadas com frescos que consistem num grande grupo de figuras alegóricas da virtude na Alegoria do Bom Governo. Nos dois outros painéis, Ambrogio dá uma visão panorâmica dupla: os Efeitos do Bom Governo na Cidade e no Campo e a Alegoria do Mau Governo e seus Efeitos na Cidade e no Campo.

A importância de uma mais vasta participação cidadã na construção do território e na defesa dos recursos naturais é um verdadeiro problema cultural e cívico. Uma cultura de excelência para os cidadãos tem de assentar numa cultura de excelência para os políticos, porque um político que não tem cultura não pode contribuir para a qualificação do seu território, não sabe antecipar os problemas nem articular expectativas e projectos comuns, desenvolvidos por diferentes agentes originários da classe política, do tecido económico, das universidades e da sociedade civil.
As Alegorias do Bom e do Mau Governo são um conjunto de frescos realizados supostamente entre 1337 e 1340, por Ambrogio Lorenzetti, considerados como uma das primeiras obras da história da pintura com conteúdo civil, filosófico e político, já que se trata de uma projecção de como o mundo da época deveria ser, ou seja, o poder corre pelo tecido social e não depende de um centro e de uma hierarquia porque há uma partilha do governo pelos cidadãos.
Esta proposta alegórica, intelectual e artística, que opõe o Bom ao Mau Governo, tem atraído a atenção de historiadores da ciência política, tanto pelo estudo da proposta enquanto expressão quatrocentista das virtudes e vícios dos governantes, como pela sua actualidade.
Curioso é notar que os frescos relacionados com o Mau Governo são os que se encontram mais danificados. A política dos nossos actuais governantes seria, igualmente, excelente fonte de inspiração para quem quisesse fazer uma interpretação alegórica à semelhança de Lorenzetti.

2010-03-29

A Fotografia da Água

Imagem: Alqueva, Rui Cunha (http://www.rcl-imagem.pt/)

São centenas e centenas as fotografias dos territórios da Água que o meu amigo e notável fotógrafo Rui Cunha tem no seu espólio. Um projecto a germinar, também com o António Eloy e a Helena Gonçalves Pinto, para além da cuidada produção editorial da Maria João Cunha. É que com gente boa e competente dá gosto partilhar projectos e amizade.

2010-03-28

Cidadania e a Agenda Local 21





Imagens: Logótipos de diferentes processos de Agenda 21 Local
(de cima para baixo e da esquerda para a direita, Itália, Reino Unido, França, Portugal, Alemanha e Brasil)

A Agenda 21 Local (A21L) é um processo participativo, multi-sectorial, que visa atingir os objectivos da Agenda 21 ao nível local, através da preparação e do incremento de um Plano de Acção estratégico de longo prazo dirigido às prioridades locais para o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida (in International Council for Local Environmental Iniciatives, ICLEI).
O Conselho da Cidade das Caldas da Rainha (http://ccid-cr.blogspot.com/) discutiu o (difícil) incremento da A21L, na qual as questões da salvaguarda dos recursos hídricos se tornam imprescindíveis.
Defendo uma plataforma concelhia para o desenvolvimento sustentável, cuja função seria criar uma estrutura permanente de debate e acompanhamento relativamente a todas as matérias municipais de sustentabilidade, para a integração e articulação, ao nível da comunidade local, dos quatro pilares essenciais: ambiente, economia, sociedade e conhecimento e inovação. Seria uma estrutura de suporte que acompanharia o incremento da A21L, assumindo ainda o papel consultivo e regulador do processo.
O Conselho da Cidade é uma estrutura adequada para o efeito, desde que devidamente organizada, bem como respeitada pelos actores políticos locais.
Os esforços das cidades portuguesas no sentido de adoptarem políticas sustentáveis poderão ser dificultados pelas práticas tradicionais de planeamento e gestão, bem como pela acção dos mercados. Mas muitas cidades do mundo já compreendem que a prosperidade económica, o crescimento do emprego, a qualidade de vida e um ambiente urbano de elevada qualidade andam a par; ou seja, tratar a qualidade ambiental como uma vantagem do mercado (e não uma limitação) é imprescindível para o progresso. Para tal, os cidadãos - desejavelmente mais activos e coesos - são fundamentais para este desígnio.

2010-03-27

Educação e Turismo Ambiental

Imagem: Cartaz do Encontro

Realiza-se, de 16 a 18 de Abril próximos, o 3.º Encontro de Educação e Turismo Ambiental, numa organização da SETA (Sociedade Portuguesa para o Desenvolvimento da Educação e do Turismo Ambientais) e o apoio da Câmara Municipal de Cascais. O local do evento será nas instalações da DNA Cascais, ninho de empresas, na Cruz da Popa, em Alcabideche. A SETA é uma Organização Não Governamental de Ambiente (ONGA), com o estatuto de Associação, fundada em 24 de Fevereiro de 2005, e tem realizado um número impressionante de iniciativas de âmbito ambiental, sempre periodicamente divulgadas, como prova o meu arquivo de mensagens e o sítio electrónico da SETA (http://www.seta.org.pt/). No âmbito da Rede de Água e Rios da SETA têm sido criados e divulgados materiais pedagógicos de educação ambiental em torno desta temática, promovidas acções de formação de professores acreditadas, reuniões de cariz periódico e promovidos encontros e intercâmbios de professores e alunos às diferentes escalas. Foi, com transmitido entusiasmo por parte do seu presidente Fernando Louro Alves, o primeiro seguidor inscrito deste blog. Por isso, também, o meu justo reconhecimento.

2010-03-26

Anuário de Termalismo e Bem-Estar

Imagem: Capa do Anuario

Organizado pela revista espanhola Tribuna Termal, surge agora a primeira edição do Anuario de Termalismo y Bienestar 2010 España, Portugal y Andorra, contendo dados informativos muito úteis sobre um sector amplo, multidisciplinar e especializado como é o do termalismo, nas suas vertentes de terapia e de bem-estar, e também os da talassoterapia e dos centros de Spa. O Anuario está organizado em capítulos temáticos e dedica uma parte importante à oferta turística em Portugal neste sector.

2010-03-25

Tribuna Termal

Imagem: Capa parcial do n.º18 de Tribuna Termal (http://www.tribunatermal.com/)

Tribuna Termal é actualmente a única revista especializada em termalismo editada no espaço ibérico. Com redacção em Madrid e direcção de Teresa Pacheco Osa, o seu mais recente número (18) é dedicado aos Açores, aos tratamentos básicos mais solicitados em instalações de Spa, à alimentação saudável e ao papel relevante que têm neste particular os centros termais e de Spa, para além ainda de outros artigos e notícias recentes do mundo do termalismo, da talassoterapia e dos centros de Spa. Escreve Teresa Pacheco na sua nota de abertura que correm dias difíceis para o sector editorial, já que está em crise a publicidade imprescindível para a sobrevivência das revistas especializadas. Faço votos para que a Tribuna Termal continue a existir e que em muitas mais circunstâncias possa encontrar, em qualquer parte do mundo termal, os seus responsáveis, designadamente Teresa Pacheco e Lourdes Mourelle Mosqueira, sempre que frequentamos eventos à volta desta nossa paixão em comum. Por mim, conto continuar a colaborar com textos na própria revista, sempre que seja oportuno, e, para além disso, com a sua divulgação neste espaço da blogosfera.

2010-03-24

A Água não tem Fronteiras

Imagem: Capa do Programa da Cooperação Tranfronteiriça Espanha-Portugal

Ontem e hoje, participei no Seminário Transfronteiriço relativo à cooperação entre Portugal e Espanha, numa sessão que serviu para idealizar e articular projectos comuns nas diferentes áreas geográficas (Galicia/Norte de Portugal, Norte/Castilla y Léon, Castilla y Léon/Centro de Portugal, Centro/Extremadura/Alentejo, Alentejo/Algarve/Andalucía). Este Programa permite aproveitar as redes de cooperação existentes que se têm vindo a desenvolver e incrementar desde 1989, com a execução de projectos de infra-estruturas, às quais têm sido incorporados progressivamente outros sectores como o turismo, os serviços sociais, o ambiente, a inovação tecnológica, a saúde, a educação ou a cultura. A água assume o seu papel transfronteiriço: é de todos e ninguém em particular. Daí que germinam projectos, em parceria designadamente com a Associación Termalismo de Andalucía, cujo director é Javier Ballbé Mallol, com quem me reencontrei nestes dias.

2010-03-23

O Poder da Água: Termas e Assistência

Imagem: "Banho dos Homens" no Hospital Termal das Caldas da Rainha, gravura de Henry l'Évêque, século XIX, Biblioteca Nacional de Portugal

A história das termas portuguesas é também a história da assistência aos que têm procurado, nas águas, a terapia das suas doenças. Para eles, construíram-se estruturas de apoio ao ritual do banho, a diferentes escalas e tipologias, de traço popular ou erudito. Uma viagem através dos tempos percorre séculos de pensamento e um panorama alargado dos traços desenhados e construídos, como testemunhos de um património material e imaterial, em que se cruzam também aspectos de natureza assistencial e de lazer. Em muitas geografias do país, onde se construíram inúmeras estruturas arquitectónicas, as populações inicialmente tomaram conhecimento das propriedades terapêuticas das águas emergentes, experimentando, transmitindo e difundindo os efeitos que as mesmas lhes faziam, ou pelo menos o seu poder de transformar as circunstâncias, os sentidos e as sensações, enfim, o sofrimento em descanso. O conhecimento de sítios balneares pode atestar-se pelo documento de 1223 (Compromisso da Gafaria de Santarém) que determina que “se o gafo ou gafa quiser hir em Romaria ou aas calldas…” dar-se-lhe-ia o equivalente a 12 dias de ração para ali (nas Caldas de Óbidos) permanecer em tratamento. As primeiras organizações populares ou clericais que asseguravam a prestação de amparo aos doentes e vigilância e manutenção das estruturas balneares antecedem o período pleno de consolidação e estruturação dum modelo de funcionamento do Hospital Termal, consignado no Compromisso de 1512. Regula-se o acompanhamento e enquadramento institucional, o organograma administrativo, a determinação das tarefas dos oficiais do Hospital, bem como a gratuitidade dos banhos a pobres e indigentes, graças ao empenho da rainha D. Leonor em fundar, em 1485, um hospital notável, pela sua função assistencial e pela capacidade de receber doentes de todo o país, tratando-os e retemperando-os na dignidade humana e espiritual. Através dos séculos, o papel das águas terapêuticas foi simultaneamente de pretexto para estadas dos mais abastados, mas também assistencial aos mais desfavorecidos. Para este benefício, só em 1855, por decreto régio, se tornaria obrigatória a apresentação de um atestado de indigente, passado pelo pároco da residência do doente, para que este obtivesse direito à assistência médica gratuita. Esta regulação acabou por ser aplicada aos restantes balneários termais existentes no território português, marcando-se uma diferença entre pobre e indigente, sendo que apenas a este último lhe era dado esse direito, juntamente com os militares e os membros das ordens religiosas. Durante o século XIX, são solicitados, nas Cortes Constituintes, inúmeros pedidos de licença por parte dos deputados para se deslocarem a banhos, o que também lhes permitiu tomar conhecimento do estado das nascentes e avaliar o estado dos locais. Tal, fez com que se estabelecesse um conjunto de medidas para melhorar o aproveitamento terapêutico das águas minerais. Apenas em 1892, uma primeira legislação dá um enquadramento legal à concessão para a exploração das águas “mineromedicinais” portuguesas. Em particular, esta legislação manteria a gratuitidade dos banhos para os indigentes. E já em 1919 o mesmo benefício é consignado aos funcionários sazonais das termas. Contudo, a lei de 1928 seria ambígua nesse aspecto. Neste entretanto, as termas portuguesas consolidavam o seu espaço de ócio destinado tanto aos que procuravam melhorar os seus padecimentos como à higiene e ao lazer das classes abastadas. As termas, para além de prestadoras de tratamentos ou cuidados de saúde do corpo, consolidavam-se como estâncias de recreio e divertimento. Com o desenvolvimento dos fármacos, discutia-se, em meados do século, sobre a necessidade de incrementar o termalismo social, aludindo-se ao facto de a inexistência de uma Medicina Social nas termas portuguesas, à excepção do Hospital Termal das Caldas da Rainha, se dever à débil frequência termal, mas também a deficientes infra-estruturas e equipamentos directa e indirectamente relacionados com a terapia das águas. Por despacho de 6 de Agosto de 1959, foi regulada a assistência termal a sócios das Caixas de Previdência, a pobres e indigentes. Porém, pouco foi feito no sentido de consolidar a difusão dos hábitos termais, em camadas da população mais desfavorecidas, por via dos sistemas institucionais. A partir dos anos 70, a assistência termal encontrava-se reduzida a algumas situações pontuais: no Hospital Termal das Caldas da Rainha, já em regime de funcionamento permanentemente; no Palace Hotel, de S. Pedro do Sul, adquirido pelo Ministério das Corporações, com o objectivo de permitir a realização de colónias de férias, possibilitando, assim, que os seus beneficiários pudessem, mais facilmente, realizar tratamentos termais e prevenir a sua saúde; na aquisição, pelo mesmo Ministério, das estâncias termais de Manteigas e Entre-os-Rios. Enfatizava-se, cada vez mais, as qualidades reabilitadoras e preventivas (para além das curativas) das águas termais. Foram lançados fortes apelos para que a Caixa de Previdência se associasse ao movimento assistencial, que se pretendia verdadeiramente generalizado para o crescimento da frequência termal no nosso país. Após a revolução de 1974, a assistência generalizou-se aos Serviços Médico-Sociais, à Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (ADSE) e à Assistência na Doença do Ministério do Exército, contribuindo para a crescente utilização das termas portuguesas. Porém, em 1982, a comparticipação nas deslocações e estada foi retirada da Segurança Social, o que veio diminuir de novo o número de procura. Desde 1995 que o Programa Saúde e Termalismo Sénior, do INATEL, passou a colocar ao dispor dos utentes actividades de lazer e bem-estar, mediante a prestação de terapias termais aos participantes que tenham sido objecto da sua prescrição médica, contribuindo assim para um crescimento da procura termal. Este Programa Social tem tentado, além de contribuir para a promoção da qualidade de vida, conciliar a deslocação às estâncias termais de pessoas, acima dos 65 anos com necessidade de tratamentos e possibilitar o contacto com atractivos turístico-culturais, procurando associar deste modo o tratamento e os tempos livres. No virar do século, melhorias sensíveis do poder económico dos cidadãos e o incremento de algumas reformas político-sociais de fundo facilitaram o acesso aos cuidados de saúde, também nas termas, tendo sido igualmente necessário que o número crescente de utilizadores tivesse sugerido aos concessionários e agentes locais a urgência de uma mudança de mentalidades e, fundamentalmente, novos investimentos nos balneários, alojamentos e zonas de lazer. O empirismo deu lugar às pesquisas científicas na área da hidrologia médica e a uma maior certificação; e os edifícios revelam-se mais surpreendentes e humanizados, sendo um desafio acrescido para o desenho das termas portuguesas.

2010-03-22

Água

Imagem: Nascente de água mineral natural (antigo balneário de Unhais da Serra), 2006, Jorge Mangorrinha

O valor universal da água, no que diz respeito à sobrevivência da Humanidade e à importância que tem por exemplo para as questões energéticas e da regeneração do corpo, obriga a que cada um de nós deva tomar esse recurso como finito e se preocupe em preservar as suas qualidades em qualquer das formas de utilização. As cidades que o têm como recurso económico e identitário devem saber potenciá-lo como desenvolvimento, contribuindo assim para o desígnio universal. A realização da Cimeira da Terra, de 1992, no Rio de Janeiro, iniciou um conjunto de acções de sensibilização e educação para a importância dos recursos hídricos. Hoje em dia, persistem situações de grande desigualdade, pobreza, fome e conflito, resultantes da falta de acesso à água potável e ao saneamento básico, que são sem dúvida direitos humanos fundamentais. Numa população mundial de cerca de 6,1 biliões, existem actualmente 1,1 biliões de pessoas sem acesso à água potável e 2,4 biliões sem saneamento básico. Apenas 2,5 % da água do Planeta é potável, uma parte está congelada nos pólos e uma outra parte está armazenada a grandes profundidades. A ONU proclamou os anos de 2005 a 2015 como a Década da Água, de forma a atingir as metas relacionadas com este bem cada vez mais escasso, metas inscritas na Declaração do Milénio emanada da Cimeira de Joanesburgo, de 2002. Estamos, portanto, a meio do caminho. Em particular no termalismo, as políticas de utilização e conservação do recurso aquífero são essenciais para a existência da própria actividade e o maior respeito pelos princípios ecológicos e património associados. Cidades termais, e outras termas, que têm esse precioso recurso natural a brotar no seu território devem protegê-lo como valor ambiental, cultural e de mercado.
22 de Março de 2010, Dia Mundial da Água

O Desenho das Termas

Imagem: Esquisso do projecto para o novo balneário das Termas do Carvalhal, 2009, Jorge Mangorrinha

Do culto da água e da arquitectura em si mesma, a evolução do termalismo em Portugal acompanhou diferenciadamente o progresso europeu: foi vanguardista no século XV e mais tardia nos séculos XIX e XX, relativamente a outros países, embora tomasse aspectos singulares, de acordo com um percurso de oscilações de sentimentos e atitudes, mas desenhado sob uma mesma matriz funcional. O desenho, ao anteceder a obra, mas também aqueles que a documentam, acaba por ser muitas vezes o único registo conhecido, revelado em diferentes suportes: gravuras, originais em tela, vegetal ou diferentes outros papéis; cópias marion, reprolar, heliográfica, ozalide; impressas em diferentes publicações; ou, mais recentemente, em suporte informático (in PINTO, Helena Gonçalves; MANGORRINHA, Jorge, O Desenho das Termas. História da Arquitectura Termal Portuguesa / Drawing the Spas, 2009)

Amazónia


Imagem: Encontro dos rios Negro e Solimões (http://www.diariodeumjuiz.com/)

Na Amazónia, dois rios, o Negro e o Solimões, encontram-se e as águas não se misturam, numa extensão de mais de 6 quilómetros. Este fenómeno é possível devido à diferença entre a temperatura e densidade das águas e à velocidade das suas correntes: o Rio Negro corre a cerca de 2 km/h a uma temperatura de 22°C, enquanto que o Rio Solimões corre de 4 a 6 km/h a uma temperatura de 28°C. O arquitecto Óscar Niemeyer projectou uma plataforma de observação deste encontro raro na Natureza. Esta ensina-nos que há elementos seus, distintos nas suas características, que podem percorrer, em harmonia, os trajectos do mundo. Uma lição para o Homem. Será ainda possível salvar a Amazónia?

Niemeyer

Imagem: Óscar Niemeyer, desenho 3D do Parque Encontro das Águas

Situado na Zona Leste de Manaus, o Parque Encontro das Águas será construído numa área de 120 mil metros quadrados. A Ponta das Lajes é dos poucos locais, em Manaus, de onde se pode ver, de terra firme, o encontro entre os rios Negro e Solimões, que originam um dos maiores rio do mundo, o Amazonas. Niemeyer disse que a criação do projecto fluiu naturalmente e sem dificuldades porque a beleza do lugar o inspirou: "Tinha diante de mim as fotografias do espectáculo que é o encontro das águas, e foi isso que dominou o projecto: as duas formas de concreto [betão armado] que sobem e se encontram. O preto, representando as águas escuras do rio Negro, e o amarelo, representando o rio Solimões, de águas claras", disse o arquitecto, em 2009, na ocasião da entrega do projecto. Na sua narrativa sobre o mesmo, Niemeyer descreve o conjunto arquitectónico como um prédio de exposições que consiste "num pavilhão com a forma de uma oca, com 35 metros de diâmetro na base e altura de 7,2 metros, elevado em relação ao piso da praça, dispondo de um subsolo de igual área. No quadrante mais próximo à encosta, o pavimento do subsolo é aberto para o ambiente externo, protegido por uma marquise, extensão da estrutura do piso térreo", explica o texto. O projecto prevê um espaço para a exposição de águas e espécies aquáticas da região denominado “Memorial das Águas” e um restaurante incrustado na rocha a uma altura de 40 metros, com vista panorâmica para o cartão postal de Manaus que deu nome ao empreendimento (in blog da Prefeitura de Manaus: http://www.pmm.am.gov.br/).

Etiquetas

Academia Nacional de Belas-Artes (1) Açores (3) adágio (1) agenda 21 (1) água (13) água elástica (1) água-pé (1) águas engarrafadas (1) águas turvas (8) Alcobaça (2) Alentejo (4) Alfama (1) Aljustrel (1) Alqueva (2) Amazonas (1) Amazónia (2) ambiente (2) Amizade (1) anuário (1) aqueduto (1) arquitectura (4) arquitectura termal (3) arte (1) assistência (1) Aveiro (1) baleias (1) bandeiras (1) Banhos da Abelheira (1) Banhos de S. Paulo (1) barcos (1) Barragem do Roxo (1) biodiversidade (2) biombo (1) Brito Camacho (2) caciquismo (1) café (1) Caldas da Felgueira (1) Caldas da Rainha (19) Caldas da Saúde (1) Caldas de São Jorge (1) Carlos Amado (1) Cascais (1) Centenário da República (9) Centenário do Turismo (1) Centenário do Turismo em Portugal (1) CESTUR (1) chafarizes (1) Chaves (1) China (2) chuva (1) cidadania (4) cidade (2) cidades (1) cidades termais (3) Cimeira da Terra (1) cinema (3) clima (1) comemorações (21) Conselho da Cidade (3) cooperação transfronteiriça (1) cruzeiros (1) cultura (1) desenho (1) Eduardo Read Teixeira (1) educação (1) Egipto (1) ensino (1) Entre-os-Rios (1) Estoril (3) Évora (1) exposições (4) família (1) Fátima (1) Federico Fellini (1) Federico García Lorca (1) Fernando Pessoa (1) fontes (1) fotografia (3) futebol (1) garrafas (1) gastronomia (1) geotermia (1) Graciosa (1) Guimarães (1) Hospital Oeste-Norte (5) Hospital Termal (4) hotéis (1) igrejas (2) INATEL (2) INOVA (1) invenção (2) Islândia (1) Japão (1) José Saramago (3) juventude (1) lagos (1) Lanzarote (1) Lisboa (9) livros (5) lixos (1) Lua (1) Madeira (1) Madrid (2) Maldivas (1) Manaus (2) Manteigas (1) Manuel António de Vasconcelos (1) Mar (5) Marte (1) maternidade (1) Mediterrâneo (1) memórias (5) minas (1) moliceiros (1) Monarquia (1) Mondariz (1) Monte Real (1) Montecatini (1) Montes Velhos (2) música (1) Natal (1) naturismo (1) Óscar Niemeyer (2) Parque das Nações (1) Parque Mayer (1) património (4) pauis (1) Paula Rego (1) Pedras Salgadas (1) pedreira (1) Peniche (1) Península Ibérica (1) Pequim (1) pesca (1) pintura (1) piscinas biológicas (1) política (3) Porto (1) prémio (5) provincianismo (1) rádio (1) rainha D. Leonor (2) religião (1) Renascimento (1) República Dominicana (1) revista (1) Rio Maior (1) rios (2) romã (1) S. Pedro do Sul (1) Saint-Gervais-les-Bains (1) saúde (3) SETA (1) simbolos (1) Sophia de Mello Breyner Andersen (1) submarino (2) talassoterapia (2) Tavira (1) teatro (1) Teixeira de Sousa (1) temporal (1) termalismo (13) termas (21) Termas da Ferraria (2) Termas do Estoril (2) Termas do Luso (1) Termas do Vidago (2) Terreiro do Paço (3) Tinta Fresca (1) Tribuna Termal (2) turismo (10) Unhais da Serra (1) Veneza (1) Ventura Terra (1) vulcão (1) Xangai (2) Yasuní (1)

Seguidores